Postdata (tradução)

Original

Melendi

Compositor: Melendi

Tenho só uma fotografia
Pra lembrar do que foi o nosso amor
Só me deixou uns cremes no banheiro
E a nossa mensagem na secretária eletrônica

Essa carta talvez te surpreenda
No dia seguinte de te ver com ele
Não quero que você entenda mal o que digo
Deixa eu te contar só como amigo

Faz uns meses, vi no parque uma garota
Chorava sem consolo, e ao perguntar: O que houve?
Ela me contou: Tudo é culpa de um covarde
Que me encheu de mentiras, e envergonhei meu pai

Por causa dele, deixei quem sempre me amou
Larguei os estudos, me afastei das minhas amigas
Até que um dia meu pai falou: Vai embora
Ele tinha trinta e cinco, eu só tinha dezessete

E não pense que é só história da carochinha
Por favor, não tente achar moral nela
Se te conto isso, é porque eu te amei
Por favor, escuta bem o que tô falando

Depois continuei vendo ela por um tempo
Talvez porque me lembrava de você
Só falávamos de coisas sem sentido
Mas não conseguia fazê-la sorrir

Por que ainda carrega essa tristeza?
Eu perguntei, mas ela não soube responder
E depois de suspirar e engolir a seco
Retomou a história que começou naquele dia

Estou sozinha e sem dinheiro, ele acabou com a minha vida
Por enquanto, tô ficando na casa de uma amiga
E baixando o tom, disse sussurrando
Não posso voltar pra casa dos meus pais, com a mão sobre a barriga

Quando contei a novidade, ela mudou sua expressão
Levou a mão ao bolso e tirou uma aliança
E com raiva me mostrou aquela foto
Esse é ele com os filhos, e essa é sua esposa Melania

E não pense que é só história da carochinha
Por favor, não tente achar moral nela
Se te conto isso, é porque eu te amei
Por favor, escuta bem o que tô falando

Porque agora vem a parte mais difícil
Pois conheço o seu olhar quando está apaixonada
Mas o homem com quem ontem passeava de mãos dadas
Era o mesmo da foto que ela me mostrou

Pode parecer que quero que largue esse cara
Mas, na verdade, só quero que não sofra
Meu amor, porque eu ainda te amo
Isso não mudou

P.S.
Ele vai inventar mentiras pra você, eu improviso verdades
Ele brilha só nos seus olhos
Os meus, ainda que vermelhos, são claros como fontes

Ele vai fugir, eu sempre ficarei do seu lado
Ele disfarçará suas dúvidas com veludo espinhado
E quando o fim do verão dele chegar
Ansioso, febril e bissexto em Madrid
Eu serei setembro imprudente varrendo tudo

O que abraça o último raio de um agosto sem vida
Serei sua Lua nova, e eu quero ser
Serei de qualquer forma, mas ainda temos verão
Onde a Lua e as noites ainda são curtas